Adolescência, neurônios à flor da pele

Pesquisadores descobriram um misterioso grupo de neurônios na amígdala, um importante centro de processamento emocional no cérebro. Grande parte dessas células amadurece rapidamente durante a adolescência, enquanto a inteligência emocional está de desenvolvendo.

“É fascinante que estas sejam algumas das últimas células a amadurecerem no cérebro humano, e a maioria o faça durante a puberdade, precisamente quando grandes desenvolvimentos na inteligência emocional estão acontecendo — disse o principal autor do estudo, Shawn Sorrells, um ex-pesquisador da Universidade da Califórnia, na São Francisco, que atualmente é professor assistente de neurociência na Universidade de Pittsburgh”.

Durante o estudo, foram  examinados o tecido da amígdala humana post-mortem de 49 cérebros humanos — com idades variando de 20 semanas gestacionais a 78 anos de idade. Através de técnicas anatômicas e moleculares usadas para classificar a maturidade e função dos neurônios dentro dos circuitos neurais, eles descobriram que a porcentagem de células imaturas na região da amígdala permanece alta durante toda a infância, mas diminui rapidamente durante a adolescência: do nascimento aos 13 anos o número de células imaturas diminui de aproximadamente 90% para pouco menos de 70%, mas, ao final da adolescência, apenas cerca de 20% das células do núcleo paralaminar (região da amígdala) permanecem imaturas.

Estudar o amadurecimento dessas células também é uma forma de entender distúrbios de neurodesenvolvimento. Crianças com autismo, por exemplo, não passam pela explosão neural na amígdala. O problema do desenvolvimento destes neurônios, também pode estar relacionado com os transtornos do humor presentes na puberdade, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e transtorno de estresse pós-traumático.

Com base na quantificação de neurônios em diferentes estágios de desenvolvimento, juntamente com a análise de padrões de expressão gênica em neurônios individuais extraídos do núcleo paralaminar, os pesquisadores mostraram que as células imaturas que desapareciam eram substituídas por neurônios excitatórios maduros – sugerindo que as células tomaram lugar no amadurecimento dos circuitos de processamento de emoções da amígdala. Como esta é a primeira vez que esses neurônios foram claramente estudados, os cientistas não sabem exatamente a função que eles desempenham, mas o momento de sua maturação sugere que eles podem desempenhar um papel no rápido desenvolvimento emocional que ocorre durante a adolescência humana.

Fonte: O Globo