Determinadas atividades cerebrais podem indicar se um indivíduo sonhou e até com o que terá sonhado
Os sonhos sempre foram um mistério e algo que a ciência sempre quis perceber. Agora, isso pode estar mais perto após um recente estudo ter encontrado um padrão de atividade cerebral que pode não só revelar se estamos a sonhar, mas também algo sobre o conteúdo do sonho.
O estudo, publicado na Nature Neuroscience, e abordado pelo The Guardian e pela NPR, até diz se que esses padrões podem indicar se o sonho incluiu uma face ou movimentos.
“Quando as pessoas estudadas estavam a sonhar, existia uma região na parte de trás do cérebro que tendia a estar muito ativa, como se tivesse mais acordada”, refere Francesca Siclari, investigadora no Centro para Pesquisa e Investigação do Sono no Hospital Universidade de Lausanne, na Suíça.
A equipa de investigação descobriu que os sonhos aconteciam em vários estágios do sono, ao estudar 32 pessoas enquanto estas dormiam. Eram acordadas frequentemente e questionadas sobre se tinham estado a sonhar. Isto reduz o problema de se esquecer os sonhos depois de uma noite totalmente dormida.
Isto fez com que as pessoas que alinharam na investigação se lembravam de que estavam a sonhar, mas também o “tema” do sonho.
Depois de uma pessoa explicar o sonho, os investigadores reviam os padrões e a atividade cerebral, através de uma técnica chamada eletroencefalografia. Isto permitiu aos investigadores ligar o sonho a uma diminuição na atividade de baixa frequência e um aumento na alta frequência, na parte de trás do cérebro.
Ao olhar para estes sinais, os cientistas conseguiam dizer com o que uma pessoa havia sonhado cerca de 90% das vezes.
Outras áreas do cérebro que respondem a estímulos específicos, como ver uma cara, ouvir algo ou perceber movimento, também ofereceram pistas sobre o que as pessoas tinham estado a sonhar.
Por exemplo, quando uma pessoa sonhava com uma cara, a parte do cérebro ligada ao reconhecimento de caras também se “acendia”.
“Usamos o cérebro da mesma maneira quando sonhamos do que quando fazemos as mesmas coisas acordados”, diz Robert Stickgold, professor em Harvard.
Stickgold, no entanto, não está convencido que a tal atividade na parte de trás do cérebro é a maneira certa de detetar sonhos. “O que estão a medir é o que aconteceu antes dessas pessoas acordarem”, acrescenta.
Mesmo, assim o professor acha que o estudo pode ajudar a perceber melhor os sonhos e ainda mais: a consciência.
Para Stickgold, a “questão fenomenal” reside nas mudanças de consciência durante e após o sono, bem como a maneira como o cérebro ficar ativo novamente todas as manhãs.
Fonte: DN.pt