Cientistas norte-americanos descobriram que muitas crianças diagnosticadas com autismo têm mais líquido cérebroespinal, que rodeia o cérebro e a espinal medula, podendo isso ser um indicador para a deteção precoce daquela condição.
“O líquido é fácil de ver em ressonâncias magnéticas e aponta para um potencial biomarcador do autismo anos antes do aparecimento dos sintomas”, afirmou o investigador Joseph Piven, da Universidade da Carolina do Norte.
Num estudo publicado hoje na revista Biological Psychiatry, os investigadores afirmam ter encontrado “um potencial alvo terapêutico para um dos grupos de pessoas com autismo”.
O líquido cérebroespinal era encarado até há cerca de 10 anos como uma camada protetora entre o cérebro e o crânio, mas a ciência acabou por descobrir que é um sistema essencial de filtração para resíduos do metabolismo cerebral, podendo haver problemas quando não flui corretamente.
No estudo, os cientistas analisaram 343 crianças e em 221 delas havia um risco elevado de autismo, porque um dos irmãos já tinha sido diagnosticado.
Compararam-se ressonâncias magnéticas de crianças de seis meses a quem acabou por ser diagnosticado autismo aos 24 meses com outras da mesma idade sem autismo e verificou-se que os que têm autismo apresentavam mais 18% de líquido cérebroespinal.
“Normalmente, o autismo é diagnosticado aos dois ou três anos de idade, quando a criança começa a demonstrar sintomas no comportamento, porque atualmente não existem marcas biológicas” daquela perturbação de comportamento.
Em 70% dos casos analisados, o volume mais alto de líquido indiciou o aparecimento de autismo.
Joseph Piven afirmou que não se pode concluir com certeza que o fluxo irregular de líquido causa autismo mas apontou que pode ter efeitos no desenvolvimento do cérebro e “desempenhar um papel no aparecimento de sintomas de autismo”.
Fonte: DN.pt