“A música é uma coisa que a gente costuma pensar do ponto de vista das ciências humanas, como produto cultural. Mas o impulso de fazer música é universal, caracteriza o ser humano assim como a linguagem, o falar.” -Patrícia Vanzella Coordenadora do projeto Neurociência e Música, da UFABC
Antropólogos e cientistas argumentam que nos primórdios da civilização, a música e a linguagem faziam parte do mesmo sistema de comunicação, chamado de não referencial. Este sistema fundia aspectos tanto linguísticos, quanto musicais.
Mas “recentemente”, há cerca de 200 mil anos, ocorreu uma fusão esses dois aspectos. A linguagem tomou conta de transmitir informações e a música seguiu o rumo das emoções, da apreciação.
Além da origem histórica entre língua falada e cantada, há também a origem dentro do indivíduo.
Segundo Patrícia, nós já nascemos tanto com a capacidade de nos envolvermos com a música, quanto de desenvolver a linguagem. Há poucos casos em que as pessoas não tem a capacidade de perceber, reproduzir e nem apreciar músicas, conhecidos como amusia.
Imagens falam mais do que palavras
Estudos feitos através da neuroimagem, mostra que as emoções estimuladas pela música modulam atividades em grande parte das estruturas do nosso sistema nervoso que são envolvidas pela emoção, a límbica e paralímbica. Sabe aquele arrepio que você sente quando toca aquela música? É o seu sistema nervoso liberando dopamina, neurotransmissor do bem-estar.
Música é o melhor remédio
É comprovado que a música ajuda pacientes com autismo a se comunicar. A música também diminui a produção de cortisol, hormônio estimulado pela ansiedade. Até em quem teve um AVC, ela dá um jeitinho de auxiliar na recuperação das funções cognitivas e motoras. As terapias baseadas na estimulação musical, ajudam o cérebro a construir outros caminhos neurais para retomar a produção da fala, por exemplo. Pacientes com Parkinson ou Demência também podem desfrutar de terapias musicais.
Ainda assim, a música tem muito peso cultural e as possibilidades de interpretações e produções são inúmeras. O gosto musical depende muito do meio em que você está inserido: país, família, amigos. E também, se estes grupos tem o costume de escutar música.
Já o andamento da música – mais rápido ou mais lento – é um aspecto mais universal, que pode ser interpretado por diferentes culturas. Músicas com batidas mais aceleradas são compreendidas como alegres, ao contrário daquelas mais lentas, que exaltam a tristeza.
Fonte: Nexo