Pesquisadores do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP desenvolveram uma técnica de neurocirurgia que pode facilitar e baratear os processos clínicos. O método consiste em acoplar câmeras de telefones celulares a endoscópios – aparelhos que permitem a visualização do interior do organismo. Um dos responsáveis pelo trabalho, o neurocirurgião do HC, Mauricio Mandel, conta que a pesquisa faz parte de uma tese mais ampla, de cirurgias cerebrais minimamente invasivas, que nasceu com o objetivo de operar o maior número possível de pacientes.
A neuroendoscopia, procedimento que insere uma câmera dentro do crânio, é um método já bem estabelecido na Medicina, afirma Mandel. O custo do procedimento, porém, é elevado e, além disso, as técnicas tradicionais apresentam deficiências. Nele, as imagens cerebrais obtidas pelos equipamentos são observadas pelo cirurgião distante do paciente. Com o smartphone, o médico consegue manter o foco na tela do celular, que fica próximo ao indivíduo operado. Com a atenção voltada completamente para o campo cirúrgico, a segurança do procedimento é muito maior. Ele lembra que, em neurocirurgias, o menor movimento pode levar a lesão de estruturas cerebrais.
Mandel conta, ainda, que a técnica desenvolvida levou, além de segurança, maior fluidez e conforto ao centro cirúrgico. O uso dos celulares permite, também, transmissões ao vivo e compartilhamento de imagens com outros médicos, a fim de se obter uma segunda opinião. O sucesso do projeto tem estimulado profissionais de outras especialidades, que esperam poder adaptar a técnica a seus campos.
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Fonte: Jornal da USP