Obesidade e depressão tem relação

Entre os diversos neurotransmissores produzidos no corpo humano temos a dopamina, que é produzida em apenas quatro regiões do cérebro, dentre elas a via nigroestriatal, localizada no hipotálamo. 

O sistema nigroestriatal contém cerca de 80% da produção de dopamina, que é feita por meio de uma substância chamada nigra. Dentre as funções da dopamina produzida nesta via, estão: controle do movimento, regulação de humor e estresse, esquizofrenia e ansiedade. A sua diminuição pode causar doenças como o Parkinson e a Depressão.

HIPOTÁLAMO

A estimulação das diferentes áreas do hipotálamo regula a ingestão de alimentos através de dois centros: centro da fome, parte mais associada à fome situada na área lateral do hipotálamo, e centro da saciedade, localizado no núcleo ventromedial.

O sistema fisiológico que controla a ingestão de alimentos e o gasto e energético é constituído, de maneira simplificada, por três etapas basicamente. A primeira é por sinais aferentes de curta e longa duração, que permitem perceber o status energético do individuo. A segunda por centros cerebrais integradores, mais significativamente no hipotálamo, onde o nível de resposta eferente é determinado, e a terceira, por sinais eferentes incluindo aqueles reguladores da intensidade da fome e do nível de gasto energético.

LEPTINA

O primeiro sinal aferente que permite ao cérebro perceber os níveis das reservas energéticas é constituído pela leptina, um hormônio que sinaliza ao cérebro a quantidade de gordura que já está armazenada no organismo, assim ele pode controlar os níveis de acúmulo de gordura através da ingestão e gasto energético, gerando um aumento de gasto de energia e diminuindo a ingestão alimentar. A quantidade de leptina presente no organismo é proporcional ao tamanho do tecido adiposo, quanto mais gordura, maiores são os níveis da leptina.

OBESIDADE

A maioria dos casos de obesidade está associada a um quadro de resistência central a ação dos hormônios leptina e insulina, estimulada pelo hormônio peptídeo responsável pela regulação de curta duração do apetite. Após a descoberta da leptina ,constatou-se que a maioria dos indivíduos obesos não apresentavam deficiência de leptina ou insulina, ao invés disso, apresentavam níveis plasmáticos aumentados desses hormônios, e ao contrario do que se esperava não havia redução da ingestão alimentar.

Assim, levantou-se a hipótese de que as formas comuns de obesidade estariam associadas a resistência à ação  central dos  sinais de adiposidade. Segundo as principais descobertas, a indução de um processo inflamatório especificamente no hipotálamo resultaria na ativação de vias de sinalização intracelular que atenuam os efeitos biológicos locais da leptina e da insulina.

De acordo com os estudos feitos em roedores observou-se que a manipulação dos diversos mecanismos envolvidos na resistência à leptina e à insulina no hipotálamo é capaz de modificar a adiposidade. Isso sugere que as alterações hipotalâmicas não sejam apenas uma extensão da inflamação presente na periferia, mas que estejam envolvidas na gênese da obesidade em modelos animais.

Outro achado que corrobora essa hipótese é o de que a inflamação associada à resistência aos hormônios adipostáticos no hipotálamo de ratos, em resposta a uma dieta obesogênica, precede o ganho de peso e a indução do processo inflamatório no tecido adiposo.

NÚCLEO ACCUMBENS – SISTEMA DE RECOMPENSA MESOLÍMBICO DA FOME

O  sistema de recompensa liberação de dopamina no núcleo accumbens (NAc), região situada entre a cabeça do núcleo caudado e o putamêm fazendo parte do corpo estriado. O NAc  recebe aferências dopaminérgicas principalmente da área tegumentar ventral do mesencéfalo e projeta eferências para a parte orbitofrontal da área pré-frontal. Funções de plasticidade celular ligada ao aprendizado do apetite é função do NAc.

O sistema de recompensa alimentar, de acordo com neurologistas, se divide em três componente: “linking = componente hedônico”; “ Wating = motivação de incentivo”; “learning = aprendizagem que permite fazer associações e predições”. A resposta hedônica reflete sinais neurais que antecipa a resposta de prazer devido a ingestão de alimentos que são agradáveis ao paladar, já a motivação são sinais neurais de recompensa ao sentir o cheiro do alimento, por exemplo, que induzirão o indivíduo a procurar o alimento.

Foi verificado que em indivíduos obesos em situações de stress há uma dificuldade de chegar a recompensa, no caso a resposta hedônica,  e por isso ingere mais alimentos, aumento da motivação de incentivo, a fim de se obter o sentimento de recompensa.

A dopamina tem papel importante no sistema mesolimbico e é um dos principais nesse sistema. Ela aumenta a procura de alimentos para que se possa obter o sentimento de recompensa. Quando é ingerido alimentos agradáveis ao paladar há uma liberação de dopamina no núcleo estriado e essa taxa de dopamina vai estabelecer o nível de prazer. No caso de um indivíduo obeso os receptores da dopamina se apresentam em uma taxa menor que em indivíduos normais não obesos. Desse modo o indivíduo consume mais  para tentar alcançar a recompensa e sentir prazer. 

Há evidências de que quando é ingerido alimentos agradáveis há uma queda do papel dos receptores de dopamina  diminuindo assim, o sinal de recompensa. Para compensar isso o indivíduo come mais. No entanto, com a disponibilidade de dopamina no local das sinapses e a diminuição de captação dessa pelos neurônios pós-sinápticos faz com que os neurônios  pré-sinápticos faça receptação da dopamina o que leva a diminuição da resposta de recompensa. Para esse problema a administração de um inibidor de receptação de dopamina faria com que aumentasse a resposta de recompensa diminuindo assim a precisão do organismo em ingerir mais alimentos.

 

Fontes: Ciências e Cognição; Psciologia Previtali; As consequências da diminuição de dopamina produzida na substância nigra: uma breve reflexão.