Até 2050, cerca de 152 milhões de pessoas receberão o diagnóstico de demência. O dado é da Organização Mundial de Saúde (OMS) e abrange doenças neurodegenerativas como o Alzheimer, que hoje atinge 72 milhões de brasileiros. Entre os principais prejuízos à qualidade de vida está a perda de memória. Começa com pequenos lapsos e evolui até a ausência total de referência, inclusive dos movimentos do corpo. Movimento, aliás, é uma palavra importante aqui: ginástica para o cérebro é coisa séria e deve fazer parte da rotina de cuidados com a saúde.
O aumento dos casos de doenças neurodegenerativas levou o Centro de Qualidade de Vida (CQV) da Clinipam a criar uma Escola da Memória. O programa atende beneficiários acima dos 60 anos que apresentam alguma queixa relacionada ao assunto. A neuropsicóloga Jocylaine de Carvalho (CRP 0819/19837), conta por que a longevidade está diretamente ligada às atividades cerebrais: “não há como falar em qualidade de vida de idosos sem falar do cérebro. Ele é responsável pelas atividades cognitivas, memória, movimentos e socialização. Um cérebro saudável reduz as chances de desenvolver quadros depressivos, demência e problemas psicomotores”, sinaliza.
São nove encontros semanais, com atividades distintas e acompanhamento especializado. “Proporcionamos atividades em grupo de forma multidisciplinar com o objetivo de estimular o cérebro. Em casos mais evoluídos, quando é necessário um trabalho de reabilitação, encaminhamos para outras especialidades da Clinipam”, explica a psicóloga.
Programa apresenta resultados positivos
Na academia é a combinação de exercícios aeróbicos e anaeróbicos que ajuda a liberar hormônios ligados ao bem-estar, como a serotonina e a endorfina. Na Escola da Memória, a complementaridade das atividades surte o mesmo efeito. Melhora a qualidade de vida e a saúde de forma mais ampla. “Os exercícios que realizamos estimulam o resgate de memórias, a recuperação da autonomia na execução de atividades diárias e proporcionam a socialização, que é muito importante em quadros depressivos”, diz Jocylaine.
Tudo é feito com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar e instrumentos de avaliação neuropsicológica. Os grupos têm, no máximo, 12 pessoas; avaliadas no início e no fim dos encontros. Os resultados são positivos, conta a psicóloga da Clinipam: “entre os principais benefícios, observamos diminuição dos quadros de depressão e melhora no desempenho das atividades diárias”. Durante o ano de 2018, foram atendidos 60 idosos no grupo de memória da Clinipam, com idade média de 73 anos. Destes, 21% diminuíram sintomas de depressão, recuperando qualidade de vida. Na avaliação de rastreio cognitivo, 9% tiveram melhora significativa após participar dos encontros.
Cinco dicas para exercitar o cérebro
A psicóloga compartilha cinco práticas que auxiliam na longevidade saudável. E alerta: elas podem – e devem – ser realizadas por pessoas de qualquer idade: “não devemos esperar a memória desaparecer: exercitar o cérebro é prática diária em qualquer fase da vida”, finaliza.
Que tal praticar?
- Desafie seu cérebro. Fazer atividades de rotina de forma diferente como, por exemplo, explorar um novo caminho para o trabalho, utilizar a outra mão para pentear os cabelos, inverter a posição dos talheres na hora da refeição. O cérebro recebe novos estímulos quando precisa “sair do automático”.
- Movimente-se. O exercício físico traz vitalidade para o cérebro. Libera hormônios que proporcionam bem-estar e são essenciais para os processos químicos neste órgão.
- Cuide do seu coração. O acompanhamento regular da saúde, com médicos especialistas, é fundamental. A análise cardiológica tem papel importante neste acompanhamento, afinal, é o coração que bombeia sangue para o corpo todo – inclusive o cérebro.
- Tenha uma vida social ativa. A convivência com amigos e familiares é uma das chaves da longevidade. Para o cérebro, conversar e realizar atividades em grupo ajuda a criar laços, pensar em argumentos, desenvolver a linha de raciocínio e descobrir coisas novas.
- Siga um planejamento alimentar saudável. Os alimentos exercem no cérebro a mesma função que no corpo: manter tudo funcionando e proporcionar uma vida longa e produtiva.
Fonte: G1