Schwannoma Vestibular (Neurinoma do Acústico)
Os neurinomas do acústico (NA) são tumores pouco frequentes, de crescimento normalmente lento, que se originam do nervo que conecta a audição ao cérebro. Apesar de habitualmente apresentarem um caráter benigno, um NA que cresce e não é tratado pode afetar de modo grave as funções neurológicas.
Os NAs são também chamados de schwannomas vestibulares, neuromas ou neurilemomas. São tumores originários do VIII nervo craniano, que controla o equilíbrio e a audição e está localizado junto ao ouvido interno, na base do crânio. Uma porção do VIII nervo transmite o sentido da audição e a outra parte envia informação sobre o equilíbrio, do sistema vestibular para o cérebro. O VIII nervo é um dos doze nervos cranianos, sendo que dez deles, incluindo o VIII nervo, se originam no tronco encefálico.
Aproximadamente 5% de todos os tumores cranianos primários são NAs.
Neurinomas do acústico se desenvolvem devido à proliferação de células de Schwann. Estas células envolvem e dão sustentação às fibras nervosas e, quando se proliferam para formar os neurinomas, acabam por pressionar as fibras do VIII nervo responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos da audição e do equilíbrio. Este tipo de tumor habitualmente se manifesta entre os 30 e 60 anos de vida.
Pessoas com uma alteração genética chamada Neurofibromatose tipo 2 frequentemente desenvolvem NAs bilaterais. Além de NAs, pacientes portadores de Neurofibromatose tipo 2 podem desenvolver Schwannomas de outros nervos cranianos e ao longo da medula espinal, assim como meningiomas.
Os sintomas abaixo são os mais comuns em pacientes com NA. No entanto, é importante ressaltar que cada indivíduo pode apresentar sintomas diversos:
- Perda auditiva
- Tinnitus (zumbido)
- Vertigem
- Paralisia da face
- Hipertensão Intracraniana
Mais de 99% dos NAS são benignos. São tumores de crescimento lento e que não invadem as estruturas anatômicas adjacentes.
Podemos classificar os neurinomas em dois tipos:
Neurinomas de acústico unilaterais: Acometem apenas um ouvido e correspondem a 8% de todos os tumores intracranianos. Podem surgir em qualquer idade, mas mais frequentemente acometem pacientes entre os 30 e 60 anos de idade. Neurinomas podem ser causados por mecanismos genéticos secundários a fatores ambientais, não sendo hereditários.
Neurinomas de acústico bilaterais: Acometem ambos os ouvidos sendo hereditários, causados por uma condição genética chamada Neurofibromatose Tipo 2. Acometem os pacientes na adolescência ou quando se tornam adultos jovens. Além dos neurinomas, estes pacientes desenvolvem múltiplos Schwannomas intracranianos e de medula espinal. Estabelecer uma estratégia de tratamento para esses pacientes é evidentemente mais complicado do que estabelecer estratégias para tratamento de pacientes com tumores unilaterais.
O diagnóstico de um neurinoma de acústico envolve os seguintes exames:
– Audiometria para quantificação da perda da audição.
– Ressonância magnética: quando da injeção de contraste durante o exame de ressonância, a tendência é de o tumor absorver mais da substância que o cérebro normal, aparecendo como uma massa no canal auditivo, frequentemente se estendendo até a região anatômica conhecida como “ângulo ponto-cerebelar”.
Tratamento
Os NAs podem ser removidos completamente com procedimentos cirúrgicos, no entanto, muitos NAs são tão pequenos que não requerem tratamento cirúrgico imediato.
O tratamento de NAs depende principalmente dos seguintes fatores:
- Tamanho do tumor
- Idade do paciente
- Condição geral de saúde do paciente e preferências de tratamento
Quanto optamos pelo tratamento imediato, as escolhas incluem cirurgia e radiocirurgia. Os procedimentos cirúrgicos clássicos incluem as vias subocciptais e translabirínticas, com retirada por técnica microcirúrgica do tumor.
Cabe ressaltar que quanto maior a lesão, maior a chance de lesão transitória ou permanente da audição, equilíbrio e lesão do nervo facial com consequente paralisia facial. Além disso, existe o risco inerente ao procedimento de vazamento de líquor, complicação esta chamada de fístula liquórica.
Outra opção de tratamento dos NAs é a radiocirurgia, que utiliza radiação em altas doses focadas milimetricamente na lesão, com o objetivo de limitar o tamanho e ritmo de crescimento do tumor. Normalmente, escolhemos esta modalidade de tratamento quando o paciente é idoso e/ou apresenta problemas de saúde que inviabilizam a opção cirúrgica clássica.
Para tumores com ritmo de crescimento lento adotamos a conduta de se observar a evolução do tumor, intervindo somente caso o ritmo de crescimento se acelere.