Substância é capaz de apagar efeitos da cocaína do cérebro

Cocaína é a droga que mais vicia os usuários. Segundo a OMS, o Brasil é o segundo país com mais dependentes químicos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Mas um estudo inédito promete mudar esse cenário a partir de uma substância que pode fazer o cérebro esquecer os efeitos da substância.

Além das consequências devastadoras no corpo, o vício no entorpecente é capaz de fazer com que o usuário perca tudo o que construiu na vida. Isso acontece por que o cérebro memoriza as sensações do uso da droga, que são associadas ao prazer.

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG descobriram uma solução que age nessa parte do cérebro, o que pode revolucionar o tratamento da dependência química.

Uma substância sintética foi usada no experimento com cobaias, que ficaram confinadas em uma caixa com dois espaços diferentes: um com listras verticais e outro com listras horizontais. Por quatro dias, os animais ficaram somente em um dos lados recebendo doses de cocaína. Quando soltos na área total da caixa, eles permaneciam na área de confinamento à espera do efeito alucinógeno.

Quando a solução da pesquisa foi aplicada, as cobaias passaram a ocupar todo o espaço da caixa. Danielle Cristina Aguiar, uma das pesquisadoras do estudo, explica que a substância desliga o efeito prazeroso da cocaína no cérebro do animal: “É como se ele esquecesse que, naquele ambiente que ele recebeu a cocaína antes, ele não recebe mais”.

A pesquisa já dura cinco anos e ainda demanda novos testes antes de a substância chegar à indústria farmacêutica. “Abre uma nova proposta para que, no futuro, a gente desenvolva fármacos para tratar essa dependência, que é um problema. Ainda não existe medicamento disponível para tratar pessoas que sejam dependentes de cocaína”, completa Danielle.

Os próximos passos, segundo os pesquisadores, são descobrir como a substância modifica as proteínas das células e saber se o efeito também pode se aplicar a outros vícios, como a nicotina e o álcool.

Fonte: R7