Tratamento da enxaqueca pode envolver medicamentos, botox e restrição alimentar

Um estudo recente da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, indicou que uma combinação de estatina (medicamento usado contra o colesterol alto) com vitamina D pode ser eficaz para o tratamento da enxaqueca. Apesar de ser um estudo inicial com apenas 50 pessoas, os resultados preliminares são promissores, pois mostraram eficácia contra a enxaqueca durante oito dias ao longo do mês.

 

A enxaqueca é uma doença neurovascular que provoca, geralmente, dor em apenas um lado da cabeça, náusea e hipersensibilidade à luz e aos sons. Quando esses sintomas ocorrem por até 14 dias dentro de um período de um mês, a enxaqueca é classificada como episódica. Se os sintomas ultrapassarem 14 dias, a enxaqueca é considerada crônica.

Segundo o dr. Helio Benito Scapolan, neurologista no Hospital Sírio-Libanês, a enxaqueca tem muitas causas, que vão desde características genéticas e problemas hormonais até consumo excessivo de café ou noites mal dormidas. Por isso, o tratamento dessa doença também é bem diversificado.

Medicamentos para enxaqueca

Os tratamentos medicamentosos disponíveis hoje contra a enxaqueca têm, de forma geral, três principais enfoques:

  • Tratamento abortivo da crise aguda
  • Tratamento profilático
  • Tratamento do estado de mal enxaquecoso

O tratamento abortivo da crise aguda costuma ser uma das primeiras opções contra a enxaqueca. Ele é feito com medicamentos analgésicos, entre eles: os remédios populares para dor de cabeça vendidos sem receita médica; alguns medicamentos mais fortes, derivados de opioides e que atuam no sistema nervoso central; e os antagonistas de serotonina. Estes últimos foram criados há cerca de 20 anos, e atuam nas artérias cerebrais.

Já o tratamento profilático contra a enxaqueca é feito com medicamentos de uso contínuo. “A pessoa toma um comprimido diariamente para evitar que os sintomas da doença apareçam”, ressalta o dr. Scapolan. Esse tipo de tratamento é geralmente indicado para quem sofre de enxaqueca por quatro dias ou mais por mês; e inclui basicamente medicamentos muito utilizados no tratamento de outras doenças, como epilepsia e arritmia cardíaca, e que se mostraram eficazes para evitar as crises de enxaqueca em algumas pessoas.

Os medicamentos para o estado de mal enxaquecoso também são indicados quando os sintomas persistem por quatro dias ou mais durante o mês. No entanto, esse tratamento é feito com medicamentos anti-inflamatórios e apenas durante os períodos de crises de enxaqueca.

Outros tratamentos contra a enxaqueca

Além de várias classes de medicamentos, o tratamento da enxaqueca pode envolver também:

  • Restrições de alimentos gordurosas, frituras, temperos industrializados, café e bebidas alcoólicas.
  • Aplicação de toxina botulínica (botox) em músculos da face.
  • Hidroterapia e hidroginástica.
  • Fisioterapia para relaxamento da musculatura do pescoço.
  • Organização do sono, o que implica dormir diariamente entre sete e oito horas (sem muita diferença entre os dias da semana e do fim de semana).

A escolha do tratamento da enxaqueca tem como base os fatores que desencadeiam a doença. “Nós dizemos que é uma abordagem de acerto e erro”, comenta o dr. Scapolan. “Pois o que pode ser eficaz para um paciente pode não ser para outro”, justifica o neurologista

O paciente com enxaqueca pode ajudar a descrever com detalhes o que sente; informar o médico sobre possíveis efeitos colaterais provocados pelos medicamentos; e observar quais comportamentos estão relacionados aos sintomas da doença. “Para algumas pessoas, comer chocolate pode precipitar uma crise de enxaqueca, mas para outras é indiferente”, exemplifica o dr. Scapolan.

O diagnóstico da enxaqueca é clínico. Em alguns casos, principalmente quando o sintoma de dor de cabeça é sempre do mesmo lado, podem ser solicitados exames de ressonância magnética e angiografia para avaliar se existem outros problemas neurológicos ou malformações vasculares.

Dados sobre a enxaqueca

– Está na lista das dez doenças mais incapacitantes do mundo.

– Acomete 15% da população mundial.

– No Brasil, afeta entre 5% e 25% das mulheres e entre 2% e 10% dos homens.

– É mais comum dos 25 aos 45 anos de idade, mas também pode afetar crianças e adolescentes.

Fonte: Hospital Sírio-Libanês