Tumores da Hipófise

A hipófise é uma glândula localizada no crânio que apresenta uma íntima conexão (inclusive anatômica) com o sistema nervoso. É a responsável pela produção de inúmeros hormônios que sinalizam a outras glândulas que devem produzir o hormônio que vai efetivamente agir (por exemplo, o TSH – hormônio tireoestimulante – que vai sinalizar a tireoide a produção do hormônio T4) ou que apresentam a ação final sobre o organismo (como por exemplo, o GH, hormônio responsável pelo crescimento).
A enorme maioria dos tumores originários da hipófise (ou glândula pituitária) é benigna, tendo sido reportados até hoje menos de 140 de tumores hipofisários malignos na literatura. Compreendem até 10% de todos os tumores intracranianos, sendo mais comuns na 3ª e 4ª décadas de vida afetando de forma igual ambos os sexos.
Clinicamente manifestam-se pelo efeito exacerbado de hormônios normalmente produzidos pela glândula, por exemplo, tumores produtores de prolactina levam produção de leite pelas mamas.
– Prolactinomas: tumores produtores do hormônio prolactina, podendo causar lactação em pacientes do sexo feminino e impotência e perda de libido em pacientes do sexo masculino.
– Tumores produtores de GH (hormônio do crescimento): causam acromegalia ou, quando ocorrem em crianças antes do encerramento da fase de crescimento, gigantismo.
– Tumores produtores de ACTH: causam a chamada Doença de Cushing, caracterizada por ganho de peso e hipertensão arterial refratária entre outros sintomas.
Além da produção exacerbada de hormônios acompanhada de seus efeitos, os tumores de hipófise podem também causar sintomas devido ao efeito compressivo de seu volume sobre as estruturas anatômicas próximas à hipófise. Dentre as estruturas anatômicas possivelmente comprimidas pelos tumores, o quiasma óptico (junção dos nervos ópticos) é o mais comumente envolvido, resultando em perda da visão, inicialmente restrita aos campos visuais temporais (externos). Conforme o tumor progride, a compressão pode resultar em perda total da visão.
Uma complicação temida nos tumores hipofisários é a Apoplexia Pituitária. Presente em até 17% dos casos de tumores hipofisários, consiste na rápida expansão do tumor com exacerbação dos efeitos compressivos devido a hemorragia ou necrose intratumorais. A ocorrência da apoplexia pituitária pode levar à perda súbita de visão por compressão rápida e total do quiasma óptico, sendo o tratamento cirúrgico de urgência a conduta padrão.
A investigação dos tumores da hipófise se faz por meio de dosagem de níveis hormonais e de estudos com Ressonância Magnética.
Embora alguns tumores produtores de hormônios possam ser tratados com medicações (em especial, os produtores de Prolactina), o tratamento cirúrgico frequentemente é a opção mais adequada.
A cirurgia tem especial interesse para os neurocirurgiões que usam técnicas minimamente invasivas, pois essa foi a primeira aplicação da técnica.
Utilizando-se de um corredor anatômico que se estende da cavidade nasal até a sela túrcica (estrutura óssea na base do crânio em que a hipófise se aloja), o cirurgião tem acesso à hipófise, podendo retirar o tumor com o auxílio visual de um endoscópio e instrumentos especialmente desenhados para o acesso minimamente invasivo.